Porque há o direito ao silêncio e eu já disse isso sempre em conselhos aos outros e a mim mesma. Silêncio de deus, silêncio de amigo, silêncio de família, de sorrisos e de choros, de decisões e de crises. Silêncio pra ouvir o canto dos passarinhos e pra usar fones de ouvido. Silêncio pra não escutar o mundo e pra não escutar a si mesmo. Silêncio pra se anular e silêncio pra existir. Silêncio pra não matar ou silêncio pra morrer, em paz ou em guerra. Silêncio pra explodir. Silêncio pra implodir. Silêncio pra ter silêncio. Silêncio pra não fazer barulho pro vizinho de cama. Silêncio pra escutar a respiração do amante. Silêncio pra ouvir a própria respiração ofegante e se amar por dentro ou pra descobrir enfim outros amores. Silêncio pra fugir e silêncio pra encarar de frente e se aceitar e também pra aceitar. Silêncio pra ler. Silêncio pra cegar. Silêncio pra esquecer. Silêncio pra lembrar. Silêncio pra viver. Silêncio pra deixar. Silêncio pra nascer. Silêncio pra crescer. Silêncio pra seguir. Silêncio pra retroceder. Silêncio pra mudar. Silêncio pra sarar. Silêncio pra amar e desamar. Silêncio pra lutar e pra desistir. É justo que seja assim.
Mas há também o direito ao grito. Então eu grito, eu berro, e toco a campainha e saio correndo. Porque eu quero e tenho vontade.
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