Todo ser seria. Todo rio riria
Toda flor folia abajour pra escuridão
Toda brincadeira começa com alegria...
O Circo
Fez primeiro um circo para brincar a sua dor. E brincou como se não doesse.Fez um baile inteiro, como se fosse orquestra. E cantou, dentro do imenso salão de sua vida, músicas que aprendera na infância. Fez depois um parque para brincar seu desencanto. E brincou como se desencantado não fosse. E se fez mais amplo do que a possibilidade pode possibilitar. E cresceu tanto que o mundo desapareceu. Depois fez um rio para brincar os seus olhos. E brincou como se as paisagens ainda existissem. (...) Percorreu incríveis distâncias por nada. Mas insistiu com seu sorriso e na sua verdade. As cores frágeis dos objetos não importavam. Importava sim, esse instante em que o espírito se solta e procura o voo da pomba invisível, assim como ele se fez e se desenhou no caderno branco do seu próprio destino. Depois, calou seus acenos, e do frio fez calor, e do inverno inventou as chuvas para lavar as pessoas. Passou a vida inventando uma maneira para viver. E, inventando uma maneira para viver, não achou seu motivo. Procurou então dentro da terra. E depois dentro dos templos. E depois nos grandes desertos. E depois nos oceanos. Fez um dia um barco de papel e navegou com ele a sua incerteza. No fim do rio, já não restava nada, mas achou que fez bem em tentar. (...) Fez primeiro um circo para brincar a sua dor. Todo o resto foi decorrência, sem nenhuma explicação.
|O Circo – Alves de Faria|
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Que a certeza não escorregue.
Reciclar a palavra, o telhado e o porão... Reinventar tantas outras notas musicais...
Escrever o pretexto, o prefácio e o refrão... Ser essência... muito mais... A porta aberta, o porto acaso, o caos, o cais...
E por tanta exposiçao a disposiçao cansou.
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