L,
Eis o Andantino.
Já não sei se ele é continuação do Legato ou sei lá o quê.
Nem sempre ou quase nunca a ordem de feitura é a ordem de edição.
Depois a gente pode ver como ordena. Antes vêm outros aí.
C.
Misteriosamente vaga e entorpecida a Dama do Sono afaga a cabeça dela e o pior é que ela não quer dormir ela não quer nada quer simplesmente sonhar acordada e olhar e não ter que escolher entre a baliza esquerda de granito e diamantes rústicos e a baliza direita de mármore e prismas encravados porque cada uma destas balizas tem as suas belezas eternas e inlapidáveis a um mesmo momento em que percebe o redor tão mais bonito sem a desnecessidade incomensurável de se escolher qualquer coisa que seja ainda que momentaneamente entrebatida nos reflexos entrebalizas criados por uma luz vermelhocorrompida ela tenta esboçar qualquer coisa que digam que é sentimento mas solta uma espécie de inarticulação e as balizas respondem com o eco que é próprio dos lugares aonde ninguém vai
finalmente cansada de contemplar cores que nem dela são mais olha as balizas e baixa a cabeça pesada porque sabe que qualquer uma pra qual ela estrada vire vai desaguar na amplitude de uma longínqua paisagem essencialmente inominável o próprio nome ”paisagem” não faz jus ela pensa parece triste essa constatação mas não é somente coriza no nariz e um pouco de autocomiseração ela calça botas de chuva e casaco grosso porque o tempo é inclemente e a jornada é longa e fascinante em si.
Ela sabe sorriso de estrelas e volteios no ar. Mas aí ela já virou viajante.
2 comentários:
"ela calça botas de chuva e casaco grosso porque o tempo é inclemente e a jornada é longa e fascinante em si" - lindo.
A coisa das vírgulas me deixa tensa, esse fluxo de coisas que só a gente pensa e não escreve.
N.
é. um outro anônimo disse "parece alguém encolhido no canto pendulando a cabeça pensando tudo ao mesmo tempo". Exatamente assim. Ou em fuga pendulando tudo isso enquanto corre e pensa pra onde vai.
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