segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O avesso dos ponteiros

Na incansável ciranda dos ponteiros, todo dia é sempre agora.
Tudo irritantemente igual. t-o-d-o d-i-a.
Os dias, sempre assim, nem quente, nem frios. Mornos.
Nenhum trovão, um relâmpago, um raiozinho sequer. Uma explosãozinha ali no jardim do vizinho. Nenhum abalo císmico.
Nada que venha a tirar só um pouquinhosinho o mundo do eixo. Nada.
Só o mesmo tic-tac, tic-tac, tic-tac, mesmo, tic-tac,tic-tac, tic-tac, sempre.
O relógio nesse momento parece a todo instante mostrar a fadigante rotina a qual estamos fadados: girar em círculos para todo o sempre. Sem parar e, ainda assim, sem sair do lugar. Aguardando o momento de não sei o quê, que indique a tão esperada hora H. (O que existe de tão bom que comece com h?). Entretanto, o ponteiro não pára. E apesar desse constante movimento, não chega a lugar algum. Só serve para dar a infeliz ilusão de que se está caminhando, afinal, o tempo passa - pelo menos é o que o inútil objeto parace querer dizer.

Arre! Que vontade de que haja um grande estrondo que quebre as malditas vidraças desse relogio e que me faça sair desse claustro. A fobia já me quer dominar.

(onomatopeia pra começar enfim a vida.)

3 comentários:

Anônimo disse...

no meu diário tem uma parte q diz q parece q desde os 12 espero alguma grande festa começar. escrevi isso aos 18. aos 28 continuo esperando.

cintia disse...

o vidro do meu relógio é tão espesso q temo precisar de uma britadeira ou um bom feitiço para ouvir o crash.

aaaaaaaaa disse...

Sobre o texto, ele foi muito bem escrito!

Sobre a idéia, não há vidro.