quinta-feira, 30 de junho de 2011

Take time to realize

"imagine que no futuro as pessoas vão ler sobre nós
 e vão se admirar do jeito que a gente arrumou
pra não deixar de se amar"


De todas as vezes que fomos embora de nós sempre houve duas músicas, dentre várias, que me faziam querer retroceder. A primeira chama-se "Eu te amo", do Chico. O título é óbvio, o cantor, mais ainda. Depois dessa, quando voltávamos para casa e passávamos por crises, eu pensava nele também, em "Futuros Amantes" e no Renato com seu mundo que anda tão complicado ou aquela pergunta recorrente de "Vamos fazer um filme" ou, ainda, com seu descobrimento do Brasil: "estou pensando em casamento mas não quero me casar... sou um rapaz direito, fui escolhido pela menina mais bonita"...


Bem, eu não sou a menina mais bonita, mas sempre imaginei alguém escrevendo essa música pra mim desde que eu a ouvi pela primeira vez quando tinha uns dez anos. Não sou "a mais bonita" (pra lembrar outra do Chico), mas tentei ser a melhor menina, melhor amiga, melhor qualquer coisa que você poderia e merecia ter, nem que fosse pra me redimir daqueles três anos dos quais você tanto reclama durante o colegial. Essa foi uma das minhas inúmeras e (in)falíveis intenções. Elaboro sempre planos infalíveis, igualmente impossíveis.
Eu te faria ouvir todas essas músicas, o Renato é fácil, você adora, mas como você não gosta do Chico e seja essa a música que mais nos define, só vou te importunar mais um pouco escrevendo a letra, na prosa flui mais. Melhor cantar, talvez um dia eu cante, coloca lá no rádio e ouve, lê a letra se não quiser, é importante que  leia.

...
Leu? Bem, eu não tenho resposta pra nenhuma dessas perguntas, não quero mais pensar no why did we mess with forever, no que fiz ou que poderia fazer pra que fôssemos mais felizes, me respondo sempre que a gente foi o que dava pra ser, horas se esforçando muito, horas quase nada. Acho que o erro foi não saber a hora certa de cada coisa, foi inevitável, estamos cansados, mas quero acreditar que fizemos o melhor, não vamos falar em culpas. Estamos cansados, é só. Tudo bem, eu nunca gostei de disputar nada, sempre falei isso, nem faço questão de ganhar nada, nunca fui de ganhar muito mesmo. Eu só não quero mais olhar e ver que você tá insatisfeito, ou desapontado com a minha falta de tudo isso. Não quero me sentir errada, apesar de estampar na testa que eu sou assim porque gosto, porque se eu acerto e aí?Acaba? E depois? Eu gosto de trabalhos inúteis, refazer tudo, reler tudo, trabalhos sisíficos, tarefas hercúleas, mas não quero terminar, gosto de fazer só. Gosto sempre mais dos meus rascunhos, detesto a obra pronta, tá sempre tão mal feito. Sempre me identifiquei com a Penélope, mas cansei de esperar o inesperado. Estamos cansados, é só.

Eu só não quero que a gente acabe se odiando, seu medo era esse também e não é justo com tudo o que passamos. Eu sou muito difícil de lidar mesmo, você não tem culpa, então acho mais justo ser eu a fazer isso, já que a doida da relação sou eu, por isso disse que não estava desistindo de você, mas, sim, de mim e da minha mania de querer consertar o mundo. É um ato de covardia comigo mesma que requer muita coragem. Mais uma reflexão pra minha lista de paradoxos. Eu só estou cansada de dizer e de ouvir aquela frase tão banalizada, eu não gosto da banalizações de sentimentos importantes pra mim, embora diga "isso", ponto, isso não é um final, é continuativo, porque eu sempre fui de inventar a continuação das histórias. Mas isso nao importa. Droga, eu queria escrever pouco.
Bem,  eu só não quero fazer a gente sofrer mais com nossos erros e eu não sei fazer nada direito mesmo, aprendi que a coisa mais sábia é decretar falência antes de tentar qualquer coisa, o que vier depois é festa, mas você tem essa mania de discursos diretos e eu sou portuguesa e não sei fazer redação dissertativa. Eu gosto assim, você não tem culpa.

E eu não quero mais escrever, tá começando a ficar triste e era pra ser leve. Minha letra tá ficando feia. Só não fique triste comigo.  Um beijo, boa noite e boa sorte. Ouça a próxima música.

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