domingo, 18 de setembro de 2011

Sem fatos de uma autobiografia



Alabastro


Esquecido em um canto. Um pouco sujo. Talhado há muito. 
Já esteve aos pés de Alexandria. Lacrou salas de orações.
Serviu água ao chefe egípcio, caiu-lhe das mãos.


Pobre alabastro. Pomposo em teu cochilo escuro.
Dormes o sono dos ermos à meia-luz de uma história boba.
Transido de pedra fria, de perfumes venturosos e velhos.

Tenho-te aos olhos de minha mente, doce alabastro.
Sonho com o canto em que habitas, inerme e sujo.
Um canto vago em minha alma de alabastro quebrado.


(J. Campelo).
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Suspirou profundamente e arrojou-se - havia uma paixão em seus movimentos que justifica a palavra - ao chão, aos pés do carvalho. Sob toda essa transitoriedade do verão, gostava de sentir debaixo do seu corpo o espinhaço da terra - pois assim se lhe afigurava a dura raiz do carvalho; ou, por sucessão de imagens, o lombo de um grande cavalo que ia cavalgando; ou a coberta de um navio agitado - qualquer coisa, na verdade, contanto que fosse firme, pois sentia necessidade de alguma coisa a que pudesse amarrar seu incerto coração, o coração que dava arrancos no seu peito; o coração que parecia cheio de perfumadas e amorosas brisas, todas as tardes àquela hora, quando saía a passeio. Amarrou-o ao carvalho e, ao descansar ali, o tumulto que sentia, dentro e em redor de si, gradualmente serenou...

Virgínia Woolf. in Orlando

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porque eu nunca te disse que a parte que mais me comoveu no teu poema foi o "para Lilianny", alinhado à esquerda logo abaixo do título, e do cuidado ao escrever os enes do original do meu nome dentre essas várias versões de nomes que você me deu...
pelas verdades fantasiosas dos teus versos e por todas as coisas que não se pode por em verso, sim, tenho razão em sentir saudades.  

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