segunda-feira, 7 de maio de 2012

One day

Encerrara as páginas do livro. Um pouco nostálgica. Um pouco triste e abalada pelo que acabara de acontecer. Às vezes sentia que vivia mais naquelas páginas do que em sua própria realidade. "Acho que a realidade é algo superestimado", lera páginas atrás. Ela concordava. De fato, parecia uma frase que ela diria, daí a familiaridade com  a ficção.
Com a vista embaçada após mais de 15 horas ininterruptas de leitura, levantou-se e olhou os livros da estante. Tantas histórias vividas...
Deparou-se enfim com um volume em especial e o abriu. Era uma página dedicada. Já fazia um tempo, pensou.
Podia ter sido escrito por ou para qualquer um. Podia ter lido coisas mais bonitas na vida. Mas aquela letra gauche, aquelas palavras, aquela mancha de tinta definitivamente despertavam-lhe afeição. Concluiu que ainda gostava muito daquelas desencontradas palavras, havia ainda um carinho ali, um inferno.
Pensou em dizer algum dia, de forma descontraída, sobre aquilo tudo, aquela constatação, mas depois percebeu que poderia ser  mal compreendida - não era raro acontecer.

Querendo pôr fim àqueles pensamentos, fehou o livro e o colocou novamente na estante.

Alguns dias eram assim. Emma Morley não sabia o que querer da vida.

5 comentários:

Moi disse...

Somos todos Emma.

Moi disse...

Somos todos Emma.

Li. disse...

definitivamente. =)

elry disse...

quero.

Vitor Bornéo disse...

Tem tantas coisas que gostaria de devolver para a estante... acho que já me falta espaço...