quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cidade dos Sonhos ou Ela não está tão a fim de você

Foda-se, Woody, você não vai me convencer a morar em Paris. E eu estou cansada dos seus filmes idiotas de gregos e de leitores românticoshipocondríacosneurastênicos que se refugiam em livros ou filmes ou nas vozes das próprias cabeças achando que vão ser felizes e só se ferram na vida. Eu não vou fazer como os nipônicos que resolvem ter 15 minutos de romantismo casando e valsando em frente ao Sena e depois vão pra casa e querem morrer ou matar. E eu vou pra Lisboa. Ou pra Mangaratiba. Whatever works. Qualquer lugar longe das suas frases bestas e de seus olhinhos de judeu triste. Eu gosto do Brasil, ou sou portuguesa, e sinto saudade e você não entende o que é.  E você nem leva literatura a sério, volte pros seus roteiros. Eu não tenho culpa se você só descobriu o Machado depois dos quarenta porque é um leitor preguiçoso e só lê livros de 37 páginas. E os simbolistas, sim, eles sabem de tudo. E o Brás Cubas chegou primeiro e você não vai me acabar de novo.

Eu não sou a rosa impúrpura do cairo e você não é o bentinho, deixe-me em paz e volte pra sua Manhatam Skyline, midnight in Chelsea ou na midnight bottle wave goodbyes shake hands que o parta. Volte pra hollywood e deixe meus literatos. Não meta nunca mais o bedelho onde não foi chamado. E seu filme é uma bosta. Desliguei sua tv. Não nos assistemos mais. Deixe-me cá. Vai-te daqui! Sim, vái-t, só a gente sabe conjugar assim. Você e seus anglicismos onde todos amam igual e preguiçosamente e só se inscrevem em cento e vinte páginas... Volte pro seu lar. Suma de mim e me deixe viver. Ou não deixe, mas eu não vou voltar pra Belle Epoque ou pros anos vinte por mais lindos que sejam. Tenho dito. E eu prefiro o Almodóvar!

E não te aceito como sócio do meu clube. Não tenho culpa se você nasceu aí e eu aqui e caímos nos roteiros de péssimos diretores.

E um pós-escrito: nunca admitirei que seu filme é lindo, nunca. não entrarei pra lista do "boca a boca", seus amigos daqui nem entenderam seu filme, só vieram ver os loirinhos e decidirem se vão pro Louvre ou pra Genóvia no próximo feriado. E nem sabem onde é Franca. meu tio walter já me falou sobre você: não reproduzirei da arte a tua sétima técnica.



aceno e adeus.


 e tirem essa música. toca lá um fado ou um frevo português.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito

"veio a canção lá no fundo da noite e da escuridão"

-  porque o instante existe e minha vida não está completa.


Três meninas e uma capa de trabalho. 21horas. Fim de período. Início do verão. Chuva. Oblíqua e dissimulada como as dos tempos de outrora.

 impressoras quebradas. 12 andares de impressoras quebradas. 15 ruas de xerox fechadas. um único professor espera o último trabalho atrasado. não há trabalho, só uma desculpa e dois silêncios.
guarda-chuva encontrado no fundo da sala de linguística. mangueira alagada. três meninas e um guada-chuva.

e água pelos joelhos.
banho de lama dos carros na radial oeste. uma chuta  poças e cansa de tomar banho pela metade.   "pensar incomoda como andar à chuva, o vento, parece que chove mais". sem poemas essa hora. "alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso". não hoje.  "a missa é um automóvel que passa". sem pena. não agora. mais banho de lama na radial oeste. primeiro palavrão.segunda ira. terceiros ais.

mangueira alagada. maracanã sem luz. um trem passa. muita escada.  goteiras e ar-condicionado, o primeiro do ano. muito frio. era o que faltava. não reclame antes do fim. segundo palavrão. terceira ira. quartos ais.

e livros molhados de um poeta de biblioteca - devido à mania das sacolas de pano.
presas na estação deodoro,  uma lança a faísca. abre um  livro: "chove, que fiz eu da vida?" - cômico. "trágico". "piegas" -  coincidência. destino. outro.   fecha, tenta de novo:  "ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia". um sorriso,dois  silêncios, outro é tarde. mais um trem. dá pra entrar, não não dá, mas é tarde.  "e cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça..." e menos trens na praça.
"até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe com o som de rodas de automóvel...".
 
Três meninas e uma capa de trabalho. vinte e três horas. Chuva oblíqua e dissimulada como nos tempos de aurora.
 
é tarde. chegou, não dá, tem que dar. tá cheio. não respiro. não reclama. imita arte, não, um programa. eu prefiro assim. o poeta conta como devia ter acontecido.... mas não aconteceu. eu prefiro assim. louca. sim, talvez.

muita dor nos joelhos.
"tão supérfluo tudo! nós e o mundo e o mistério de ambos". eu diria: "nós e a chuva, e o mistério dos anos". metida. audaz. um nada.

e apagam-se as luzes da igreja na chuva que cessa...
 
Sim, escolho essa.

última qualquer errata

o vazio é o meio de transporte pra quem tem coração cheio
cheio de vazios que transbordam seus sentidos pelo meio



E vou tomar biscoito piraquê de chocolate e comer suco de morango no início do período enquanto observo  pombo descendo as rampas do 12º como se fosse o aluno mais assíduo..

Que a solidão põe a gente doida.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O caso desinencial

Se sobrevivo, um dia  hei de ser alguém


Engraçado como todos os sete pecados estão no feminino, mas quem foi que se matou por ter inventado a bomba atômica?
Santos Dumont adorava brincar de aviãozinho e de fazer relógios bonitos até ver pra que começaram a usar seus bonitos e engenhosos brinquedos.
Che Guevara fez a revolução e depois foi embora pra Bolívia. Getúlio fez a única coisa que poderia fazer de decente na vida. Se matou.

 Ninguém lembra que as sete virtudes são todas femininas também, né? Claro que não. Importam os pecados, curiosamente  palavra masculina.

 Dos sete sacramentos, apenas dois são masculinos: o batismo e o matrimônio. A salvação é só pros judeus. Aí me vem Maquiavel dizer que é porque as mulheres não têm alma.
 Um professor de história, pregador da moral, que era casado mas que deu em cima de mim quando eu tinha doze anos só porque eu, aceitando uma aposta, acertei a frase de uma música pouco conhecida do Cazuza e dizia que ele era um porco chauvinista que só entendeu o que queria do Nietzsche  e do Schopenhauer, dizia que eu não poderia ir pro inferno (nem pro céu) por isso. Deve ter levado um chute  homérico um dia. Bem feito. E se dizia amante de Victor Hugo. Só se for  nos sentidos de hoje mesmo. Ou no sentido bem antigo. Melhor e clássico, como a hipocrisia de todas as épocas.

  Meu professor lindo, dos olhos mais lindos dos professores de olhos lindos do mundo, esse ser que acabou com a minha vida, só faltou chorar hoje quando eu disse que ele era mais preconceituoso e chato que eu, e por isso que eu não queria fazer mestrado, porque eu deixaria de gostar das coisas. Ele disse "não seja má comigo". Ganhou três rugas a mais  na testa porque não vai conseguir nunca mais conviver com a culpa de ter ferrado a minha vida  por ter  um dia simplesmente sugerido uma frase do Kafka e duas do Pessoa.
  Fraco. (se você estiver lendo isso, desculpe, deixe de ser um estressado, mas saiba que eu te adoro, apesar de você ser um destruidor de castelinhos de areia, ferrar meu pulmão com seu charmoso cigarro e ainda me mandar parar de reclamar da vida porque você está prejudicando minha saúde física, moral e cívica). Entretanto, ganhou duas estrelinhas quando disse uma coisa que eu sempre tentei dizer pro  mundo e ninguém entendeu: três motivos pra agora eu só escrever em tópicos - cínico, cético e breve. O que me lembrou outro professor da minha vida quando disse que o cinismo é uma qualidade intelectual. Incrivelmente, esses professores são amigos e ficam me empurrando pro outro dizendo: faz mestrado com ele e doutorado comigo. Dá vontade de largar os dois, não fazer porra nenhuma e dizer que eu não sou um saco de batatas e que o mundo acaba ano que vem, caso eles não saibam. (incrivelmente também, eles preferem Machado ao Eça, daí as batatas)

  Briguei com Shakespeare outro dia quando ele disse "fragilidade, teu nome é mulher". Mas depois descobri que a tradução certa era "teu nome é feminino", o que faz mais sentido, simplesmente por ser  óbvio. Não sei porque dizem que ele é gênio né? Simplesmente porque os homens não conseguem entender o óbvio. Aí agradecem à obra de arte por uma coisa que eles teriam aprendido se ouvissem suas mães, irmãs e avós. Mas não, esperam pra ouvir de um cérebro tão superiormente inferior. Aí pode.

  Certo dia, discutindo com um gramático, eu disse que concordava com as teorias que diziam que o "o" de menino não era desinência de gênero e, sim, vogal temática. Ou melhor, o "o" nem f*&¨% é desinência de gênero. E que a única exceção a essa regra (sempre tem, por isso adoro minha língua, porque me liberta dessas imbecilidades nem que seja por um fiapo de navalha) seria o "o" de feminino. Único gênero que existe. Ponto.

  Concordo também, apesar de não acreditar no espiritismo, que uma mulher nunca pode, em outra encarnação, vir como um homem, a não ser que tenha sido uma mulher muito ruim  na vida e esteja cumprindo um karma fodástico. Mas não preciso ser espírita pra isso. É só ler a orelha do livro do Darwin.

  Virgínia Woolf resolveu minha vida quando escreveu Orlando. Não vou colocar o conteúdo aqui. Mas é sobre um homem que vira mulher num passe de mágica. Não, não vira trans, nem gay, nem travesti, ele vira mulher. E só então entende o que ninguém conseguiu entender com o discurso da Antígona. Aliás, só um velho cego resolveu entender um fato: é irmã e amiga, não é mãe nem esposa. Então, ainda tem algum crédito. Falando em irmão, há pouco ele entra no quarto e diz que é pra eu parar de gritar no telefone que ele não tem culpa da  minha vida e precisa acordar às cinco. Mas aceita grito do sargento e depois vem perguntar por que eu não venho mais pra casa. Só não dou um fora porque ele é lindo e, como irmão pequeno e homem, não sabe porra nenhuma da vida.
  Minha cachorra reclama que eu acordo toda hora e não deixo ela dormir. Ela rosna e faz um barulhinho engraçado quando eu volto pra cama e se esconde debaixo do cobertor pra eu não expulsar ela. Meu cachorro, entretanto, quando eu chego em casa, primeiro ele foge pra rua, depois, na volta, ele me derruba no chão e me morde, como que dizendo: chegou essa hora por quê? Quem mandou você sair? E apesar de ele ter três vezes o tamanho dela, ele perde na briga. É por isso que eu digo, quando minha mãe diz que não quer filhote em casa: castre ele. Ela não tem nada a ver com isso.
 
 Vendo meus cachorros, penso que deve ser por isso que o Camelo namora a debilmental e fofa Malu Magalhães. Lembro quando ele disse: essa menina mudou a minha vida. Ela, com seus 16 anos e vinte e poucos centímetros, deve ter explicado pra ele que não adianta porcaria nenhuma escrever música bonita e ser um cachorro que te derruba no chão e te morde quando você chega em casa. Simplesmente porque o tombo dói e ela pode se quebrar.

 Que nenhum professor ou amigo universitário  me leia, mas hoje, depois da aula do Adorno e três discusrsos políticos, quis jogar todos os meus livros na privada e deixar apenas um. O mais chato, imbecil, fácil e clichê de todos. Clarice Lispector. Aquela doida, que, segundo os psicanalistas, só era assim porque teve problemas com o pai e com o resto dos homens.
É assim que se descobre o quanto sua carreira é piegas.. Quando você se identifica com um livro tão ruim.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre músicas e filmes brasileiros

Se me perguntassem agora qual é o meu filme preferido, eu diria sem pestanejar: Sexo, amor, traição.
E eu sei que tem um milhão de filmes melhores e preferidos na minha vida. E aquele outro brasileiro que eu vi no Paço é o maior de todos, mas hoje seria esse. Por tudo. Pelo Caco Ciocler, que a amiga não me leia, pela Mallu Mader e pelo Murilo Benício. E porque me lembra uma época muito boa da vida. E porque foi, que eu me lembre, um dos primeiros filmes que eu vi no cinema como uma mulher independente que acabava de entrar na adolescência. Me senti transgredindo alguma coisa que nem sabia o que era. Só importava estar transgredindo algo. Mas lembro que morri de vergonha de várias cenas.

E até hoje eu adoro a cena da Alessandra Negrini, jogada no piano, bêbada, arrasada, cantando "eu marquei demais, tô sabendo". Várias vezes me identifiquei e cantei a porcaria dessa música,fazendo qualquer atividade doméstica ou simplesmente filosofando sobre a inutilidade da vida numa janela de ônibus. Embora achasse que no filme eu era a Mallu Mader, tive em várias etapas desses meus vinte e poucos anos uma vida de Alessandra Negrini com uma amiga como a Heloísa Perissé. Aliás, a cena das amigas assistindo um strip do lindo e gay personagem do Marcelo Antony pra fazer ciúmes nos imbecis do prédio da frente é memorável.

Romances e enredos e memórias infantis à parte, o melhor do filme é, sem dúvidas, a música da Luciana Melo. Ela faz sentido até hoje. Desde o inicial assovio até a última outra cena de cinema acontecer.




http://www.youtube.com/watch?v=V-EIFwYhs0k

quinta-feira, 30 de junho de 2011

"E há tempo para tudo debaixo do sol

...eu disse ao meu coração"

Porque há o direito ao silêncio e eu já disse isso sempre em conselhos aos outros e a mim mesma. Silêncio de deus, silêncio de amigo, silêncio de família, de sorrisos e de choros, de decisões e de crises. Silêncio pra ouvir o canto dos passarinhos e pra usar fones de ouvido. Silêncio pra não escutar o  mundo e pra não escutar a si mesmo. Silêncio pra se anular e silêncio pra existir. Silêncio pra não matar ou  silêncio pra morrer, em paz ou em guerra. Silêncio pra explodir. Silêncio pra implodir. Silêncio pra ter silêncio. Silêncio pra não fazer barulho pro vizinho de cama. Silêncio pra escutar a respiração do amante. Silêncio pra ouvir a própria respiração ofegante e se amar por dentro ou pra descobrir enfim outros amores. Silêncio pra fugir e silêncio pra encarar de frente e se aceitar e também pra aceitar. Silêncio pra ler. Silêncio pra cegar. Silêncio pra esquecer. Silêncio pra lembrar. Silêncio pra viver. Silêncio pra deixar. Silêncio pra nascer. Silêncio pra crescer. Silêncio pra seguir. Silêncio pra retroceder. Silêncio pra mudar. Silêncio pra sarar. Silêncio pra amar e desamar. Silêncio pra lutar e pra desistir. É justo que seja assim.

Mas há também o direito ao grito. Então eu grito, eu berro, e toco a campainha e saio correndo. Porque eu quero e tenho vontade.

Take time to realize

"imagine que no futuro as pessoas vão ler sobre nós
 e vão se admirar do jeito que a gente arrumou
pra não deixar de se amar"


De todas as vezes que fomos embora de nós sempre houve duas músicas, dentre várias, que me faziam querer retroceder. A primeira chama-se "Eu te amo", do Chico. O título é óbvio, o cantor, mais ainda. Depois dessa, quando voltávamos para casa e passávamos por crises, eu pensava nele também, em "Futuros Amantes" e no Renato com seu mundo que anda tão complicado ou aquela pergunta recorrente de "Vamos fazer um filme" ou, ainda, com seu descobrimento do Brasil: "estou pensando em casamento mas não quero me casar... sou um rapaz direito, fui escolhido pela menina mais bonita"...


Bem, eu não sou a menina mais bonita, mas sempre imaginei alguém escrevendo essa música pra mim desde que eu a ouvi pela primeira vez quando tinha uns dez anos. Não sou "a mais bonita" (pra lembrar outra do Chico), mas tentei ser a melhor menina, melhor amiga, melhor qualquer coisa que você poderia e merecia ter, nem que fosse pra me redimir daqueles três anos dos quais você tanto reclama durante o colegial. Essa foi uma das minhas inúmeras e (in)falíveis intenções. Elaboro sempre planos infalíveis, igualmente impossíveis.
Eu te faria ouvir todas essas músicas, o Renato é fácil, você adora, mas como você não gosta do Chico e seja essa a música que mais nos define, só vou te importunar mais um pouco escrevendo a letra, na prosa flui mais. Melhor cantar, talvez um dia eu cante, coloca lá no rádio e ouve, lê a letra se não quiser, é importante que  leia.

...
Leu? Bem, eu não tenho resposta pra nenhuma dessas perguntas, não quero mais pensar no why did we mess with forever, no que fiz ou que poderia fazer pra que fôssemos mais felizes, me respondo sempre que a gente foi o que dava pra ser, horas se esforçando muito, horas quase nada. Acho que o erro foi não saber a hora certa de cada coisa, foi inevitável, estamos cansados, mas quero acreditar que fizemos o melhor, não vamos falar em culpas. Estamos cansados, é só. Tudo bem, eu nunca gostei de disputar nada, sempre falei isso, nem faço questão de ganhar nada, nunca fui de ganhar muito mesmo. Eu só não quero mais olhar e ver que você tá insatisfeito, ou desapontado com a minha falta de tudo isso. Não quero me sentir errada, apesar de estampar na testa que eu sou assim porque gosto, porque se eu acerto e aí?Acaba? E depois? Eu gosto de trabalhos inúteis, refazer tudo, reler tudo, trabalhos sisíficos, tarefas hercúleas, mas não quero terminar, gosto de fazer só. Gosto sempre mais dos meus rascunhos, detesto a obra pronta, tá sempre tão mal feito. Sempre me identifiquei com a Penélope, mas cansei de esperar o inesperado. Estamos cansados, é só.

Eu só não quero que a gente acabe se odiando, seu medo era esse também e não é justo com tudo o que passamos. Eu sou muito difícil de lidar mesmo, você não tem culpa, então acho mais justo ser eu a fazer isso, já que a doida da relação sou eu, por isso disse que não estava desistindo de você, mas, sim, de mim e da minha mania de querer consertar o mundo. É um ato de covardia comigo mesma que requer muita coragem. Mais uma reflexão pra minha lista de paradoxos. Eu só estou cansada de dizer e de ouvir aquela frase tão banalizada, eu não gosto da banalizações de sentimentos importantes pra mim, embora diga "isso", ponto, isso não é um final, é continuativo, porque eu sempre fui de inventar a continuação das histórias. Mas isso nao importa. Droga, eu queria escrever pouco.
Bem,  eu só não quero fazer a gente sofrer mais com nossos erros e eu não sei fazer nada direito mesmo, aprendi que a coisa mais sábia é decretar falência antes de tentar qualquer coisa, o que vier depois é festa, mas você tem essa mania de discursos diretos e eu sou portuguesa e não sei fazer redação dissertativa. Eu gosto assim, você não tem culpa.

E eu não quero mais escrever, tá começando a ficar triste e era pra ser leve. Minha letra tá ficando feia. Só não fique triste comigo.  Um beijo, boa noite e boa sorte. Ouça a próxima música.

Manhattan Skyline




 Rascunho

"Rio de Janeiro, hoje é 23 do 3, como vão as coisas? de mês em mês eu me sento pra escrever pra você"...

Ao lado, como recado para si, um lápis.  Sempre quis usar essa música pra falar das coisas que eu não faço ou das infindas cartas que eu escrevo pra ninguém ler.  Ridículo.

Apaga, rabisca, rasga, olha o cinza, viaja até aquele céu.  arranha três canções, seca o objeto de cordas. - ondular adeuses. volta, senta,  escreve.

De novo.

sábado, 25 de junho de 2011

I wished that I could fly away...



 
 
 
 
 
 
My heart is drenched in wine

But you'll be on my mind

Forever
 I left you by the house of fun

I don't know why I didn't come



 
But I know in the end this will turn out wrong. See I've been known to fall in love, but sometimes love just is not enough.
And my heart will stray before too long. So please forgive me for when I sing this song.



sábado, 18 de junho de 2011

Notas de saudade a uma distante presença

L: A felicidade é   fascista, odeio isso"
C: você e  seu   humor de vanguardista obsoleta. Você não quer ser feliz?
L: Je suis chaotique. Eu só não gosto de   obrigações, Mussolini.
C:  Façamos  a revolução!
L: Detesto perder gente. Dizimar, então, me cansa.. 
Vamos tomar um café primeiro?



Do Sono

           
Separados pelo manto da tosse os dois estão lá. Os lençóis embalados no meio, enlaçados por um sem número de ânsias incompletas, soluções desgarradas, tensões de um dia inconcluído. Não era só a negação que os apartava: o desejo também separa, quando confessado num sussurro de quem some. Eles se deitam, mas é como se estivessem de pé. Uma respiração de fumante a distingue dele. Uma respiração de asmático o diferencia dela. Era como se a osmose de anos os tivesse largado somente com as seqüelas do desejo da unicidade.

Sem embargo, eles não tinham mais muito que trocar mesmo. Suas manias eram tão reciprocamente conhecidas que eles as expurgavam, despejando essas roupas velhas lixo afora, olhando com o desdém de um espelho quebrado. Ver pelos olhos do outro era um hábito orgânico e transparente. Acostumaram-se a isso como quem se acostuma com um filete de água infiltrada.

Acordam de manhã. Ela sempre alguns momentos antes dele. Ela o olha com o vigor do dia seguinte, vai pra cozinha. Ele, alguns momentos depois, torce os dedos sobre o peito, enquanto ela, na cozinha, já pergunta quando ele vai parar de coçar o mamilo esquerdo e começar a se arrumar pra sair. Dizem que a solidão acompanhada é melhor.

Ele olha pra todas as palavras benditas que descem pelo chuveiro, se arruma, coloca a gravata, o terno. Ela termina o café, toma seu banho diário de cosméticos, se arruma, coloca o uniforme. Sorriem. Separados pelo manto da tosse os dois estão lá. Ela abre a porta e sai. A maçaneta sempre trava quando fecha. Ele senta-se no sofá. Cabeça inclinada. A maçaneta sempre trava quando fecha. Dedo indicador nos lábios e um fragor de soluço nos cabelos. Ele nem saiu de casa, mas é como se já estivesse trabalhando. Aliás, o que nesta vida não é trabalho e casmurrice?

Abre a porta e sai.

(J. Campelo)

Porque toda leitura é autobiográfica e toda saudade é uma espécie de velhice.

domingo, 12 de junho de 2011

My maudlin carrer

Vou estabelecer um hiato aqui, já que se não pode estabelecer na vida.. De qualquer forma, não se fará notar a diferença.

This maudlin career has come to an end.

domingo, 5 de junho de 2011

Questões londrino-franco-portuguesas

hoje acordei meio Virgínia Woolf. Louca e suicida. retirem de mim qualquer paisagem aquífera, dispertem-me das visões de Orlando.
hoje sonhei que era Dinamene,  musa afogada camonianista - retirem de mim os poetas, o Tejo, Portugal, os Luíses de Camões - (não) deixem nascer o livro lusitano.

Deixem-me, enfim, ser Mathilde. 
 (mas retirem de mim os Soréis.)

Anticlímax

19/02/10
Um bonito dia acordou do lado de lá da janela. As nuvens pediram licença ao sol, nublando todo o céu, e pequenas gotas remanescentes da chuva da noite dançavam em poças de terraços vizinhos. Pássaros tímidos sussurravam que já era hora de levantar e viver o dia; e o silêncio da casa sugeria que hoje o dia era seu e que podia escolher. 
Entretanto, tudo que corpo e mente queriam fazer era voltar ao sonho e divagar sobre outra atmosfera.

Nova ortografia português-literária - Aula 2

Risca o chão de giz.

A face informe da forma informa a forma dismorfa da face. A forma disforme da forma formou-lhe a forma disforme da face.

Procura sentido naquilo tudo.

-  mas...você sempre mistura tudo! falávamos disso?! O que  Wilde tem a ver com a história?

     - Você precisa aprender a acentuar.

- mas isso são regras, e o Dorian?

       - Também são regras.

- de ortografia?!?

       - Acentue.

sábado, 4 de junho de 2011

Hiponímia - Aula 1

É simples como ler Ulisses todo de uma vez 
É simples como saber falar bom português.

Ex.¹: precisar|v. tr.


1. Ter precisão ou necessidade de.
2. Determinar, indicar, calcular de um modo preciso, com !exatidão.
3. Especializar, particularizar.
4. Não poder passar sem, não poder prescindir de.
v. intr.
5. Ter precisão de dinheiro e de tudo quanto é essencial à vida; ser pobre.
6. Carecer.


Ex.²: carecer | v. intr.
carecer (ê) - Conjugar 
v. intr.
Não ter o que é preciso.
______________________________

Elementar, meu caro amor, amar é simples. - interrogou-lhe.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Tinha um'ai'a no meio do caminho

... Era inevitável. O cheiro das amêndoas
 amargas lhe lembrava sempre
 o destino dos amores contrariados. 
(García Marquez)







Hoje, na sala 11062, houve um grande e profundo silêncio pelo destino de Carlos e Maria Eduarda. Nunca me esquecerei disso, que hoje, 25 de maio, por Maria e Carlos Eduardo, na sala 11062 houve um profundo e grande silêncio de lágrimas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quanto do teu sal..

"Valeu a pena?"

Para que Álvaros, Faustos, Ricardos  pudessem nascer, quantos Fernandos,  Albertos,  Bernardos precisaram morrer?
Tem que passar além da dor

Que se foda o progresso.






...ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu
minha alma é pequena.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Séria constatação da vida¹

"Não fugimos, por mais que queiramos, à fraternidade universal. Amamo-nos todos uns aos outros, e a mentira é o beijo que trocamos".


[262]
"Cheguei hoje, de repente, a uma sensação absurda e justa. Reparei, num relâmpago íntimo, que não sou ninguém. Ninguém, absolutamente ninguém".
-------------------------------


E ele, mais uma vez, acompanhando minhas dores. 


¹ Ao modelo Garota do Instante

domingo, 27 de março de 2011

sábado, 26 de março de 2011

Tudo sobre minha mãe.

Acorda com os olhos inchados.
- Que cara é essa? Passou a noite chorando? Que horas você chegou?
- Tarde.
- Brigou? O que aconteceu? Eu não sei porque vocês choram quando brigam. Eu nunca chorei quando brigava com teu pai. Ficar brigando por besteira e chorar. Ninguém merece isso. Ninguém. Vocês não aprendem.
- Não é isso, mãe..
- Eu não entendo vocês duas. Vocês tiveram oportunidade de serem livres, independentes, divertidas, criei vocês pra isso. Mas não, ficam aí chorando quando brigam.  Vocês não aprenderam nada comigo. Por que você não ficou? Por que você não foi embora sozinha? Melhor que brigar. Não tinha passado por isso e não tinha chorado.
- Não foi isso, mãe...
- Não entendo vocês duas. Ficam passando por isso. Não gostou? Vai embora. Ficar sendo submissa, tentar agradar. Ninguém valoriza isso, ninguém merece isso. Nem amigo, nem homem, nem família. Entendeu? Vocês não entendem. Vocês estudam, trabalham, mas não aprendem nada. Vocês não aprenderam nada comigo. Não entendo vocês duas.
- Não é isso, mãe.  Só tô triste, me deixa....
- Eu não entendo. Vai ser feliz! Podendo ser feliz fica aí perdendo tempo sendo triste. Não entendo vocês duas, não aprenderam nada comigo.
O telefone toca.
- Já tô indo. Vou trabalhar. Melhora essa cara. E vai fazer tuas coisas.
- Tchau. Mãe...